Blog Diego Zanchetta
 
Em uma articulação de última hora feita pelo governo Fernando Haddad (PT), a CPI dos Transportes na Câmara Municipal criou a possibilidade de também investigar as planilhas e os custos do Metrô e da CPTM, operados pelo governo estadual do PSDB. A mudança foi possível graças a uma ementa colocada de última hora no pedido de investigação feita pelo vereador Paulo Fiorilo (PT) e aprovada pelo plenário na quinta-feira.
A ementa diz que todo o “sistema de transporte coletivo de São Paulo” será alvo da CPI, e não só os bilionários contratos dos empresários de ônibus e de peruas com a Prefeitura, como constava antes na redação original do pedido protocolado por Fiorilo. A comissão foi instalada hoje pela manhã, mas a escolha do relator, que seria o vereador Milton Leite (DEM), ligado aos perueiros, foi adiada a pedido do governo. Fiorilo será o presidente. O governo agora quer o ex-tucano e hoje governista Dalton Silvano (PV) como relator do processo.
“O governo ficou feliz com a decisão de a Câmara criar a CPI. Mas não só os ônibus, mas o Metrô, a CPTM e suas planilhas, todo o sistema será alvo da comissão”, afirmou ao Blog Política Paulistana o secretário municipal de Relações Governamentais, João Antonio (PT).
A manobra para incluir a possibilidade de investigar o Metrô e a CPTM foi articulada pelo líder de governo Arselino Tatto (PT), que também é irmão do secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto (PT). Foi Tatto que também orientou os vereadores da CPI a adiarem a escolha do relator.
Na avaliação do governo, Leite, ligado à CooperPam, cooperativa dona de 18% da frota de lotações da cidade (1.380 veículos em 103 linhas), aumentaria a falta de credibilidade na CPI, que tem apenas um vereador de oposição, Eduardo Tuma (PSDB) – os outros seis integrantes são governistas.
A orientação para que Leite não fosse escolhido relator da CPI pegou alguns parlamentares de surpresa hoje pela manhã, durante a instalação da comissão. “O Milton foi dormir relator e acordou só membro”, disse Edir Sales (PSD), vereadora ligada ao ex-prefeito Gilberto Kassab. Leite declarou que não quer mais ser relator. “Só vou ser se for por um sacrifício e não houver acordo entre os colegas. Tenho minhas empresas, muito trabalho, não quero ser relator”, desconversou o vereador.
A primeira sessão da CPI foi marcada para a próxima terça-feira, quando será definido o nome do relator e os primeiros passos da investigação. “Colocar o PSDB como relator de uma comissão que já tem o PT na presidência seria uma atitude sensata e plural do governo neste momento, para garantir que a CPI não seja taxada de ‘chapa-branca’”, argumenta Tuma.
 
Fonte: Estadão