Humberto Dantas

Falta menos de uma semana para a eleição, mas, segundo o Datafolha de poucos dias atrás, cerca de 70% dos brasileiros não definiram candidatos a deputado federal. E se isso será, infelizmente em certos casos, feito às pressas, leia esse texto com atenção para não cometer erros simplórios.

No Brasil, tendo em vista o uso da urna eletrônica, candidatos são votados por números – algo que inicialmente marcou uma diminuição expressiva do total de votos brancos e nulos no começo dos anos 2000. Tais códigos variam de tamanho: nas eleições para o Poder Executivo eles têm sempre dois dígitos, e esse par sempre equivale ao partido de filiação do titular da chapa. É por isso que Ciro do PDT é o 12, Lula do PT o 13, Tebet do MDB a 15, Bolsonaro do PL o 22 e assim por diante. Esses números não pertencem aos sujeitos, mas sim aos seus partidos.

Nas eleições para o Senado os números possuem três dígitos. Isso ocorre porque se em 2022, a exemplo de 2014, escolhemos um nome por estado, em 2018 e 2026 votamos, ou votaremos, em dois nomes, e o terceiro dígito permite que um mesmo partido tenha dois candidatos – ou duas chapas, pois aqui também votamos no partido do titular, mas todo postulante ao Senado disputa a corrida numa chapa pré-definida de três nomes. Você já escolheu sua candidatura ao Senado? Sabe quem são os dois suplentes que estão com ela/ele? Atenção, sobretudo ao fato de que nessa combinação de três números, os dois primeiros sempre simbolizarão o partido. Assim, um candidato ao Senado pelo PSB começará pelo 40, PSDB 45, PV 43 e assim por diante.

E chegamos finalmente aos candidatos aos parlamentos escolhidos pelo sistema proporcional. Deputados federais têm quatro dígitos, e estaduais possuem cinco dígitos. Esse ano, no total, temos mais de 10 mil candidaturas a deputado federal e um total superior a 17 mil para as assembleias – incluindo aqui a casa Distrital do Distrito Federal. Exatamente isso: quase 30 mil nomes pedindo voto para os 513 postos da Câmara (10 mil) e para as 1.059 cadeiras estaduais (17 mil). E nesse caso, mais uma vez, os dois primeiros dígitos dos candidatos representam seus partidos. Um candidato a deputado federal pelo Cidadania começará sempre pelo 23, enquanto no caso do União Brasil começará pelo 44, no PSD pelo 55 e assim por diante.

E aí? Já escolheu seus nomes para a assembleia de seu estado e para a Câmara dos Deputados? Muita atenção aqui. As campanhas proporcionais, por exemplo, estão cada vez mais presentes e dependentes das redes sociais, que não possuem fronteiras. Como assim? Preste atenção: posso estar vendo no Instagram um nome que me agrada em Minas Gerais para deputado estadual, mas sou paulista e voto em São Paulo. Assim, o primeiro desafio é: tenha a certeza de que o nome de sua preferência é de fato candidato, ou candidata, pelo seu estado. Esse tipo de confusão pode ocorrer também porque nem sempre o horário eleitoral gratuito de seu estado passa na sua televisão ou no seu rádio. Em cidades de fronteira ou em sistemas de antenas mais gerais o risco de você assistir candidatos de outros estados é real. Aí você anota o número de seus favoritos, vai pra urna eletrônica e sai por aí dizendo que aperta o código do candidato X e aparece a foto de Y. Pudera, você pode ter errado o estado de seus escolhidos. Assim, mais uma vez: tenha a certeza de que está escolhendo gente que representa seu estado.

Aqui, por fim, algo essencial: pode parecer brincadeira, mas tem gente que até hoje acha que por ser candidato a deputado “federal” um nome pode ser votado no país inteiro. Não! Cada estado brasileiro tem seus próprios candidatos, exclusivos, para: governador e vice, senador e suplentes, deputados estaduais (no Distrito federal são distritais) e deputados federais. No Brasil apenas presidente e vice são votados no país inteiro. Assim, mais uma vez: o eleitor paulista Humberto Dantas de Mizuca não pode votar numa candidatura que se apresenta por qualquer estado que não seja São Paulo.

E aqui a atenção final: existem números que são usados pelos partidos para diferentes candidaturas em cada estado pelo país todo. Quer alguns exemplos? Existem dois números para deputado federal, um do Republicanos (número 10) e outro do PT (número 13), que estão ocupados em 27 estados. Trata-se do 1000 e do 1313. No caso de deputados estaduais, temos mais três exemplos: o PDT com o 12345, o PT com o 13123 e o PL com o 22000. No caso do 1000, por exemplo: em São Paulo o número leva a Celso Russomanno, enquanto no Rio de Janeiro a Marcelo Crivella. Em Alagoas o 1000 terá Chicão, e no Mato Grosso será a vez de Chiquinho Assis. Atenção! Quase 3.700 números estão sendo usados por apenas um candidato no país todo, enquanto existem 162 números que aparecem em 20 estados ou mais, sendo assim utilizados por outros quase 3.700 candidatos. Em resumo: tenha a certeza de que escolheu nomes de seu estado. E bom voto!