Bruno Silva

 

Peço licença ao leitor acostumado às análises relacionados ao Poder Legislativo para chamar a atenção para algo fundamental: a importância da educação política para a democracia associada ao Legislativo no Brasil.

Há um diferencial no blog Legis-Ativo em relação a outros tantos existentes por aí. Os cientistas políticos que aqui escrevem, em sua maioria, são também professores universitários preocupados em explicar didaticamente o funcionamento de aspectos centrais dos parlamentos no Brasil. Não se trata, somente, de analisar consequências de decisões políticas tomadas nesses espaços, os emaranhados das articulações partidárias ou as racionalidades e objetivos envolvidos em negociações de projetos. O esforço, perceptível em muitos dos textos, é visivelmente educacional. Isso é o que podemos chamar de educomunicação ou educom, como também é conhecida.

A educomunicação diz respeito à inter-relação entre a comunicação e a educação no sentido de constituição de um campo de diálogo voltado à produção de um conhecimento crítico direcionado ao aprimoramento da cidadania. Considerados sob este aspecto, os textos publicados no Legis-Ativo tem a potencialidade de tornar mais claro aos leitores (cidadãos) as dinâmicas decisórias dos parlamentos a fim de que possam participar politicamente de maneira mais qualificada. A máxima “conhecer é poder”, tão propalada na sociedade do conhecimento no século XXI, faz todo sentido. Saber como cobrar um deputado, um senador ou um vereador se torna mais eficiente na medida em que se conhece melhor suas possibilidades de atuação legislativa, os incentivos ou constrangimentos institucionais para uma atuação x ou y e os fatores culturais existente no parlamento. Em resumo: quem conhece o funcionamento do Legislativo amplia a sua capacidade de identificar as possibilidades de participação, cobrar os representantes e, no limite, tornar o voto mais consciente.

Por sinal, é importante lembrarmos que o Legis-Ativo é fruto da parceria com o Movimento Voto Consciente (MVC), uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que tem como principal objetivo fortalecer os direitos políticos com ênfase no aprimoramento da participação dos cidadãos em geral. Dentre os cientistas políticos do blog, alguns deles também são diretores no MVC: além deste que vos escreve, Humberto Dantas e Joyce Luz completam este time.

Este trio lançará na próxima quinta-feira, dia 09 de dezembro a partir das 19h na página do instagram @educacaopoliticaengeform, um novo livro: “Participação Política: casos que nos inspiram e ações que nos movimentam” no qual são apresentadas diferentes causas que nos mobilizam a participarmos, de maneira ampla, politicamente. Vale salientar que a página destacada anteriormente é pertencente à empresa Engeform, importante parceira compromissada com a educação para a cidadania e que desenvolve desde 2018 ações de formação, conscientização e atuação política de seus colaboradores sob a supervisão do MVC no âmbito do seu Programa de Educação Política.

Diversas causas de participação política são apresentadas na obra em questão: participação junto ao terceiro setor, política na escola, envolvimento com organizações internacionais, universalização de direitos sociais e as possibilidades de participação junto ao Estado. Ademais, uma das causas fundamentais apresentadas também no livro, a edocomunicação, está materializada em diversos textos publicados ao longo de anos neste blog. É claro, essas são as nossas causas de mobilização e participação política. E as suas, quais são? Fica o convite para participar do lançamento online da obra a fim de que nossas causas, talvez, possam lhe inspirar a identificar as suas causas. Por fim, vale destacar que a publicação do livro é resultado de uma parceria que conta, além do MVC e da Engeform, com a Fundação Konrad Adenauer no Brasil, organização que há anos promove ações voltadas à qualidade da democracia no Brasil e em diversos países do mundo.

Em resumo, a democracia pode ser muito melhor do que ela é. O Legislativo pode se tornar mais transparente, inclusivo e alvo da participação de milhões de cidadãos brasileiros de modo mais intenso do que apenas na escolha do voto a cada dois anos. Quem acompanha os textos aqui do blog, acredito eu, sabe muito bem disso. A política só tem um jeito: nos envolvermos e participarmos, afinal, a participação política não é a chave para todos os problemas, mas pode torná-los bem menos graves ou mais próximos de uma solução eficaz a partir do que NÓS produzirmos coletivamente.