O contexto em que se dá o desenvolvimento tecnológico de geoprocessamento no Brasil data do início da década de 90, época em que ocorre uma grande difusão dessa tecnologia por aqui, momento esse de pressão, com grande e diversificado volume de informações, bem como pela necessidade de acompanhamento da evolução tecnológica como meio de apropriação, manuseio e análise dessas informações. A sociedade tem exigido uma modernização do setor público no sentido de torná-lo mais eficiente e ágil no processamento e na análise dessas informações.
Desde a reforma constitucional de 1988, com a municipalização de diversos serviços públicos, a sociedade vem impondo aos municípios a necessidade de modernização administrativa para melhor eficiência na gestão municipal, não só com ferramentas tecnológicas, mas com informações de qualidade.
O termo geoprocessamento refere-se ao processamento de dados referenciados geograficamente, desde sua aquisição até a geração e saída na forma de mapas convencionais, relatórios, arquivos, entre outros, provendo recursos para sua estocagem, gerenciamento, manipulação e análise. As ferramentas computacionais para geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação Geográfica GIS (sigla em Inglês para SIG), permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georeferenciados, servindo de base à gestão espacial e consequentemente para soluções a problemas de determinada área da superfície terrestre, dando suporte assim à decisões técnicas ou políticas.
Apesar dos investimentos em sistemas de informação e nos avanços tecnológicos no ambiente operacional para a implantação desses sistemas (softwares e hardware), delineando um novo estilo à administração pública, o SIG ainda não é amplamente difundido, sendo tratado como um sistema paralelo aos sistemas de informações. Ele difere dos demais sistemas por sua capacidade de estabelecer relações espaciais entre elementos gráficos.
Várias são as possibilidades de utilização do geoprocessamento em prefeituras, e dentro delas, em várias áreas. Algumas prefeituras no Brasil, como Belo Horizonte, Goiânia, Curitiba, foram pioneiras, podendo ser consideradas exemplos de sucesso no uso para a organização territorial, na criação e manutenção de informações e no diagnóstico e solução dos mais diversos problemas enfrentados pela gestão municipal.
Com a construção da base de dados e a incorporação de informações (tributárias, socioeconômicas, demográficas, de serviço público, etc), o geoprocessamento pode ser aplicado principalmente em:

  • Ordenamento e gestão do território: configuração do território do município, identificando logradouros, lotes e glebas, edificações, redes de infraestrutura, propriedades rurais, estradas e acidentes geológicos.
  • Localização de equipamentos e espaço público: identificação de áreas com maior nível de carência e os melhores locais para instalação de equipamentos e serviços públicos.
  • Identificação de público alvo de políticas públicas: desenho de políticas públicas.
  • Gestão ambiental: monitoramento de áreas com maior necessidade de proteção ambiental, evolução da poluição da água e do ar, níveis de erosão do solo, entre outras informações.
  • Gerenciamento do sistema de transportes: realização de estudos de demanda do transporte coletivo ou de carregamento de vias, identificação dos pontos críticos de acidentes e vias com mais necessidade de manutenção.
  • Comunicação com os cidadãos: identificação de necessidades e oportunidades de contato com os cidadãos.

 
O geoprocessamento funciona como uma ferramenta para aumento da eficiência e eficácia das ações, visto que permite a tomada de decisões mais rápida, objetiva e facilita o processamento de informações. Consequentemente, obtém-se uma menor repetição de processos e procedimentos de rotina das instituições, bem como uma maior racionalização do uso de recursos financeiros e equipamentos sociais. Assim, em geral, geoprocessamento aumenta a capacidade operativa da prefeitura, em termos de tempo de intervenção e de qualidade das decisões, oferecendo aos gestores mais conhecimento sobre o município.
Maria Claudia O. de Paiva – Voluntária do Movimento Voto Consciente